1.21.2013

E a Lis chega ao mundo

No ano passado virei tia! Dizem que a vida de alguém muda ao nascer de um sobrinho... 

Abaixo segue o lindo relato do seu parto, escrito pela minha querida irmã Adriana Tabacniks - inspiração à futuras mães e tias:

"Foi no final do mês de outubro de 2011, duas semanas antes do meu casamento com o Leandro, que tudo começou. Eu andava me sentindo meio estranha, com mal estar, ânsia de vômito, enjôo com comidas e estava achando que eu havia pego um rotavírus... Foi então que o Le sugeriu: será que você não está grávida? Nós tínhamos em casa um teste de farmácia e logo fui ao banheiro conferir. Acho que no meio da excitação, fiz tudo tão rápido e sem atenção que achei que o exame havia dado negativo. O Le, minucioso como sempre, me perguntou os detalhes do exame e eu acabei falando: ahhh, deu uma tirinha rosa muito fraca e eu já joguei tudo no lixo. Ele então decidiu que no dia seguinte nós iríamos à cidade comprar outro exame e que ele mesmo iria fazer o teste. E assim foi e veio o positivo.

Como moramos em um sítio no meio do mato não é tão simples fazer exames laboratoriais ou ir a um médico e como em alguns dias nós tínhamos um compromisso em São Paulo, esperamos a data e aproveitamos a viagem para fazer um exame de sangue para comprovar a gravidez. E foi no dia 8 de novembro que estava confirmado: eu estava grávida.

Foi então que passei a pensar em como dar a luz, comecei a fazer exames pelo SUS mas logo fiquei decepcionada com o sistema público e passei a fazer tudo por conta própria e a pesquisar as nossas opções para um parto humanizado. Aos poucos fomos entrando num mundo a parte, de doulas, obstetras e parteiras e acabamos conhecendo a Ana Cris, parteira contemporânea, que ganhou nossa confiança logo em nosso primeiro encontro. Como estávamos querendo ter um parto domiciliar e moramos no meio do mato na cidade de Joanópolis, começamos a procurar um local para alugar em São Paulo para receber nosso bebe. Achamos melhor fazer isso pois estaríamos próximos a um hospital no caso de uma emergência.

Fizemos todo nosso pré-natal com a Ana Cris e ao conhecer a Maira Duarte, que nos conquistou, escolhemos ela para ser a nossa doula. Desde o segundo mês da gravidez nos disseram que a data provável para o parto era o dia 17 de junho de 2012, mais ou menos duas semanas, e aos poucos fomos nos preparando pois teríamos que passar um tempo fora de casa esperando o momento de dar a luz. E foi assim, que no dia 1o de junho chegamos em São Paulo para ficar no apto da Tati, irmã de uma querida amiga, que nos alugou seu cantinho no centro da cidade para receber nossa pequena Lis.

Fomos toda a família: eu, o Le, o gato Tom e as cachorrinhas Lolita, Rosinha e Amy. Nos instalamos e ficamos na espera. No início foi tranquilo, mas com o tempo comecei a ficar um pouco ansiosa e acabei tendo que desligar o celular pois a família e amigos não paravam de ligar ansiosos com a demora do parto. Passou o dia 17, passaram mais duas semanas e nada. Alguns dias, ou noites, eu tinha mais contrações, mais fortes e freqüentes, mas nada que me fizesse achar que o trabalho de parto estivesse próximo.

No dia 2 de julho eu acordei com uma pequena mancha na calcinha, era o tampão que estava começando a querer sair. Fiquei tão feliz! Na hora que vi já pensei que não faltaria mais tanto tempo para o nascimento da minha filha. :) Naquele mesmo dia, uma segunda-feira, eu tinha uma consulta as 14 horas com a nossa parteira Ana Cris. No exame interno ela conferiu apenas 2,5 cm de dilatação, mas fez também um deslocamento da membrana para tentar acelerar o trabalho de parto pois eu já estava com 42 semanas e 1 dia de gestação, o que é considerado além do que poderíamos esperar. Quando saímos do consultório já passei a sentir contrações mais fortes e que ficaram bem mais frequentes ao anoitecer. Eu estava tão feliz que aquele momento estava chegando que as dores não me incomodaram, apesar de que nesta noite já não consegui dormir por conta da frequência das contrações.

Na manhã seguinte, por volta das 6 horas, as contrações frequentes pararam e voltaram ao ritmo de poucas por hora. Foi uma decepção, eu não imaginava que poderiam parar e estava esperançosa de ver minha pequena ainda naquele dia. Mas fomos em frente e ao meio dia tínhamos um ultra-som marcado com a Dr. Deborah para ver se estava tudo bem com a bebe. Na consulta ela disse que parecia que eu já estava mesmo no começo de um trabalho de parto e que a Lis estava bem. Eu tinha apenas 3 cm de dilatação e ela fez mais um descolamento da membrana como a Ana nos havia instruído, e dessa vez doeu um pouco. Ela nos deu também umas moxas , para que a gente pudesse tentar induzir o parto através da acupuntura caso fosse necessário.

Por volta das 15:30 da tarde, no início de uma linda lua cheia, as contrações vieram com tudo. Já começaram fortes e freqüentes, eu já gritava com dores e pedia ao Le que me fizesse massagem nas costas. Medimos o ritmo e ligamos para a Ana Cris com a boa notícia, 14 por hora. Neste momento percebi que as dores eram intesas demais e que seria melhor chamar também a doula, para nos ajudar com a dor e com tudo mais que fosse necessário.

Nossa doula, a Maira Duarte, chegou logo, por volta das 17 horas, e passou a me assistir no momento das contrações. Eu gritava para estravasar a dor, mas conseguia relaxar nos 4 ou 5 minutos que haviam entre as contrações. Por volta das 18 horas chegou a parteira e um pouco depois a Dr. Otília, a pediatra. Neste momento a Ana fez um exame de toque e mediu apenas 3 cm de dilatação, e na hora eu pensei: nossa! como isso ai ta indo devagar!... Eu andava, gemia, rebolava, gemia e ia agüentando, ainda, a minha onda, mas parecia que as contrações perdiam freqüência cada vez que alguém chegava no apartamento. Por volta das 21 horas, as meninas saíram para jantar e eu e o Le ficamos a sós e aproveitamos para dar uma namoradinha na varanda. Namoramos um pouco e curtimos também nossa cachorrinhas que estavam presas para fora e eufóricas com toda a movimentação, e neste momento, resolvemos usar a moxa para ver se conseguíamos acelerar o trabalho que estava um pouco lento. Colocamos ela no ponto certo na canela como a Dra. Deborah nos havia instruído e acendemos. Nossa! Alguns segundos após sentir uma pequena queimadinha na perna veio um baita contração, a mais forte até então, e ai elas voltaram a ficar freqüentes e não pararam mais.

A partir dai foi um jogo de paciência e dor, muita dor. Eu gemia e gritava, sentava na bola, agarrava a bola, rebolava e gritava. Entrei na banheira para tentar amenizar as dores e fiquei lá por um bom tempo. No início foi gostoso mas com o tempo passei a sentir também muita dor nas costas. Diziam para eu relaxar, mas a dor era tanta que eu acabava ficando tensa e contraía o corpo, o que eu acho que não ajudou muito na evolução do trabalho como um todo, mas eu também não conseguia fazer muito diferente. Em todo este tempo a Maira me ajudava, fazia massagem, me dava uns chá para dar energia, colocava umas músicas gostosas, acendia velas, tirava fotos e cuidava de tudo. Por volta das 23 hora a Ana Cris mediu novamente a dilatação e de início não queria me dizer com quanto estava mas acabou cedendo e veio a notícia: apenas 4 cm. Naquele momento eu pirei total, não me importava que diziam que o colo estava mais fino e posterior, ou que eu estava indo bem, pelas minhas contas se tinham sido 7 horas de dor para dilatar apenas 1 cm, eu tinha muita, mas muita dor ainda pela frente!

Foi neste momento que eu achei que não iria agüentar, que comecei a pensar em ir para um hospital. Eu queria anestesia, queria drogas, remédios, qualquer coisas que fizesse aquilo passar. Eu cheguei a pensar que podiam até mesmo abrir a minha barriga... hehe, estava mesmo desesperada. Eu berrava, xingava, gemia, e rebolava na banheira. Em algum momento a Maira me ofereceu um Buscopan e com esperança de que aquilo ajudasse a diminuir a dor aceitei na hora. Tomei o remédio, e não creio que ajudou com as dores, mas de alguma forma as contrações se espaçaram um pouco e eu consegui relaxar, e talvez até mesmo cochilar, por alguns minutos entre as contrações.

Um pouco mais descansada, pouco tempo depois, voltamos ao ritmo do trabalho de parto. Neste momento eu já estava um pouco mais conformada e deixei que as dores tomassem conta do meu corpo. Eu ficava mentalizando que aquilo tudo ia passar e a cada contração eu ansiava pelo intervalo que me deixasse respirar e acalmar. Com meu corpo solto, a vontade de parir, a mentalização de que minha bebe estava descendo e iria sair e o rebolado, o trabalho de parto passou a evoluir de outra forma. Eu estava conformada e decidida a ajudar a dilatação, mesmo sem saber exatamente como.

Bastante tempo depois, após muitos berros, muita dor, muita raiva, muita massagem e muito rebolado, por volta das 3:30 da manhã a Ana Cris veio para medir novamente a dilatação. E ai sim, finalmente uma boa noticia: 7 cm! Uhuuu! Neste momento com o intuito de me animar ela falou para eu sentir a cabeça da minha filha ainda dentro de mim. Segui seus dedos pela minha vagina e lá estava ela! Grande e protegida ainda pela saco amniótico, mas estava bem baixa e eu pude acariciar um tanto da sua cabecinha. Foi incrível e neste momento tudo mudou, a partir daí eu me entreguei inteira.

As dores eram cada vez mais fortes e o espaçamento entre elas diminuía ao ponto de parecerem inexistentes em alguns momentos, mas nada mais importava. Eu berrava alto, perdia a voz, mordia o travesseiro e rebolava até ficar exausta. Eu mentalizava minha menina descendo, o útero abrindo, e fazia força, empurrava minha bebe para baixo com todo o meu corpo, com uma percepção corporal que eu nunca nem imaginava possível. Daí em diante o tempo acelerou, ficamos eu e a Maira no quarto, entre berros e massagens por quase mais uma hora mas que se foi rapidamente, até que senti um líquido escorrendo e molhando minha calcinha. Chamamos a Ana Cris que então fez mais um exame de toque e disse que apenas a bolsa externa havia rompido e que eu já estava com 9 cm de dilatação. Perguntei se eu já podia fazer força para a Lis sair e ela me disse que ainda não, que ainda faltava um pouco e que eu saberia quando fosse o momento, mas que com certeza eu seria mãe em breve.

Eu estava empolgada e decidida, pensei que em mais algumas contrações minha filha chegaria e fiz toda a força que eu tinha dentro de mim, e mentalizei a chegada da Lis, e foi assim, algumas contrações e poucos minutos depois eu senti que era a hora e avisei: é agora. Chamaram o Le que estava na sala ansioso e as meninas prepararam tudo para o nascimento. A Maira perguntou se eu queria ir para a banheira que ela havia preparado, pois desde sempre minha vontade era ter a Lis na água, mas no momento não quis pois estava me sentindo bem de quatro ali na cama.

Nesta hora pensei nos conselhos de uma amiga minha que a pouco tempo tinha dado a luz, que me disse para assoprar para dentro no momento da contração na hora que eu tivesse que fazer força para a Lis nascer. E assim eu fiz. Ao sentir a contração fiz toda a força e senti sua cabecinha descendo e alargando meu períneo. Senti que iria doer, que sua cabeça era grande, e quis ir com mais calma para tentar evitar uma laceração. Não sei como, mas puxei sua cabeça de volta para dentro e pensei: na próxima eu vou. Assim que veio uma outra contração eu me concentrei e empurrando com muita força, mas com calma, a cabeça da Lis saiu de uma só vez e rapidamente. Eu sentia que ela estava parte dentro e parte fora e neste momento o Le falou: Vai Dri, eu já to segurando a cabecinha dela! Mas eu precisava ainda de mais um minuto para recuperar as energias e disse que na próxima contração iria. Foi ai que senti que a Ana Cris estava segurando e virando a Lis, e que se eu empurrasse ela iria sair todinha, e ai veio o momento. Fiz mais uma força e pluft, rapidamente ela havia nascido as 5:16 da manhã do dia 4 de julho sob uma lua cheia estupenda na cobertura de um pequeno edifício no centro de São Paulo.

Logo perguntei se eu podia segura-la e me disseram que iriam limpa-la para que a Lis não escorregasse das minhas mãos. Me passaram minha filha por debaixo das minhas perna eu a coloquei no meu colo, segurei sua mão e a fiquei namorando. Com o Leandro deitado ao nosso lado, estávamos todos juntos, completos, repletos. Beijei meu marido e agradeci sua paciência comigo, e agradeci por não ter cedido e não ter me levado a um hospital. Deitados na cama com nossa filha, pudemos sentir o cordão umbilical pulsando, ela ainda respirava e se alimentava através da placenta. Logo o cordão parou de pulsar e a Lis já respirava sozinha e foi então que o Le cortou o cordão com um bisturi. Ela foi pesada e a Dra. Otília viu que ela estava bem. Ela então mamou rapidamente e eu não queria deixa-la mais longe de mim. As 7 horas já estávamos a sós, nos três, curtindo a pequena Lis, que acabara de chegar para mudar nossas vidas para sempre. :) "

1.11.2013

Epi-No Recauchutado

Ah, morar no Brasil me fascina.

Fui recebida por um olhar desconfiado do borracheiro.

- Oi, eu deixei um aparelho aí ontem
- Sim, deixou
- Deu para arrumar?
- Você não pediu para consertar?
- Sim, se desse
- Tá funcionando
- Que ótimo, muito obrigada

Sem interromper o carteado da mesa atrás dele, pediu a um amigo que pegasse o aparelho e caminhou em minha direção com um belo sorriso estampado em seu resto.

- Posso lhe pedir um favor?
- Lógico
- Eu passei ali na farmácia, mas o Toninho não soube me explicar - para que serve isto?

Em 15 segundos eu criei um script descritivo que fosse o mínimo embaraçoso possível.

- hmmmmmm...
- Quanto lhe devo?
- Nada não, valeu pela explicação, boa sorte!

Feliz, atravessei a rua e fui à farmácia comprar álcool para limpar o mais novo Epi-No recauchutado do Brasil.

- Oi, você tem álcool para ser usado como desinfetante?
Até que ficou bom, não?
- Tenho este, serve?
- Serve sim
- Posso lhe fazer uma pergunta? O borracheiro passou aqui e trouxe este aparelho para eu testar... para que serve?


1.09.2013

Epi-No



Epi-no. Provável que uma recente mãe de parto normal e seu companheiro conheçam este aparelho. Demais mortais residentes no Brasil e na maioria dos países, ainda não. Explico. É um aparelho com uma bexiga de inflar e uma válvula de pressão usado para massagear e fortalecer o períneo com o objetivo de evitar a temida episiotonomia. Inventado pelos – até onde eu sabia, pouco criatvios - alemães, esta bombinha de inflar tem conquistado adeptos nas mais distantes localidades. Aqui no Brasil, ele pode ser comprado por cerca de R$ 600 em apenas um site tão pouco acesssado, que eu achei uma vez e estou procurando para divulgar o link. Contrária à recomendação de seu produtor, o costume em São Paulo tem sido alugar e realugar os epi-nos de quem os comprou. Recomenda-se o uso a partir da 34º semana de gestação e o objetivo é conseguir expelir a bexiga com um diamêtro de 30 cm. A recomendação é fazê-lo por cerca de 5 minutos todo dia. Bom exercício para desenvolvermos a paciência e a força de vontade, além de vencer barreiras como constrangimento e ensinar a medir progresso e atingir metas. Ótimo para o desenvolvimento profissional e pode ainda desenvolver o trabalho em grupo.

Para esta tarefa, algumas mulheres contam com a ajuda de seus maridos, namorados, que, imagino eu, devem superar uma boa dose de constrangimento e falta de interesse para calmamente enfiarem uma bexiga dentro de suas amadas, enchê-la de ar, segurar por alguns minutos e vê-las expelir o balão. Talvez até funcione como um brinquedinho sensual, mas tenho minhas dúvidas. Outras, como eu, aprendemos a manusear o aparelho sozinha. Para isto, podemos contar com o auxílio das terapeutas de Epi-No, profissão até então por mim considerada inexistente. Já passei por, poucos, momentos constrangedores – mas este, pelamordedeus, parecia que o ar estava pesado e as paredes do consultório se fechando a cada longo segundo que demorava minutos para passar. Terminada a consulta, respirei a brisa fresca que presenteava a cidade e liguei para minha irmã – que riu comigo do momento embaraçoso que terminara há pouco.

Conforme aprendi, perna em cima de almofada, deitada de lado, sentada na beira da cama, espelho, música, luz apagada, todo recurso é válido para a futura mamãe relaxar e enfiar a bexiga lá dentro. Eu costumava fazer o exercício, digamos assim, deitada no sofá, com um pé em cima das almofadas, assistindo novela – horário em que raramente o telefone toca – e fechava as cortinas para evitar que o novo casal do prédio ao lado  acompanhasse todos os minutos de meu dia-a-dia.  E foi assim, enquanto Morena encontrava sua mãe e Júnior no Aeroporto, que ouvi um fiuuuuuuuuuzzzz e a bexiga saiu voando como acontece em desenho animado. Era uma vez um epi-no. Alugado. Enquanto Dona Lucimar chorava de emoção eu imaginava os Reais saindo de minha conta bancária e pensava nos emails que ia enviar para as donas de Epi-No ver se encontrava algum disponível para alugar a partir do dia seguinte. Aquele rasguinho de 0,5 cm na base do aparelho me deixou triste. Será que consigo remendar o furo? Band-aid, fita crepe, super bonder, esparadrapo – eram todos os artifícios colantes que eu tinha ao meu alcance. E eis que lembrei de algo que podia salvar meu Epi-no de aluguel.

Em julho de 1994 minha família mudou-se para a Califórnia, onde morei por dois anos. Foi lá que compramos um bote de borracha, acompanhado de coletes salva-vidas laranja fosforecente. Eventualmente, depois de anos sem uso após nosso retorno ao Brasil – com a permissão de meus pais - dei o bote para uma amiga levar para sua casa de campo, na frente de uma lagoa. Aliás, imagino que ele nuna tenha sido usado. Enfim... Enquanto na terra do Tio Sam, este bote, às vezes, furava. E era com um remendo verde que meu pai calmamente o consertava. Será que ele ainda tem este material fascinante? Lembro com carinho da tarefa de procurar as bolhinhas de ar que saíam do material de borracha submerso em água... semelhante à busca feita pelos borracheiros quando levávamos os pneus furados para serem remendados. Aliás, frustrante foi minha recente descoberta que pneus não usam mais câmaras de ar – o que reduziu em larga porcentagem a quantidade de pneus furados. Porém, ainda furam. Será que ainda existem borracharias?

Sim, sim, existem - e tem duas há alguns quarteirões de casa.

****

No dia seguinte, entreguei o Epi-no a um senhor que desviava os olhos de suas cartas e me observava desconfiado. Prometeu ver o que consegueria fazer enquanto examinava o instrumento. Sem perguntas, rapidamente me despedi, pois notei que seus amigos de carteado esperavam minha saída com impaciência, e combinei que voltaria no próximo dia.