7.20.2016

Piracanga: Detox da Alma



"...and what made you want to spent 10 days in Piracanga?"


Piracanga
O silêncio. O vazio. A tranquilidade.


Ao fechar os olhos, ainda sinto o vento entrar pela janela do táxi e vejo o mar de luzes pontilhando as ruas e avenidas que vão do Aeroporto de Congonhas ao Hospital Sabará. Minha filha estava com 2 anos. Deitada em uma maca no pronto socorro, incomodada com o acesso pendurado em sua pequenina veia, alimentada por soro e ainda mais branquinha que de costume.


"Você se comunica diretamente com Deus, mas deixa o racional controlar sua intuição." Uma tosse suave chamou minha atenção enquanto me despedia na tarde de domingo. Deve ser uma virose leve.


Antes mesmo de eu fazer o check-in antecipado na 4a, Gabizinha já tinha sido admitida no Pronto Socorro.


E ficamos lá. Dormimos lá. Brincamos com o cachorro que ia visitar os pacientes. Fizemos uma máscara com a senhora que era voluntária às 5as. Dançamos ao som do violão de uma animada dupla. E avisei no trabalho que precisava de uns dias de licença até sair do hospital.  E repensei minhas decisões. E no meu aniversário, ganhamos nossa alta.


Foi aí que decidi ir para Piracanga. Tirar um sabático. Viajar. Mudar de emprego. Fazer o que eu amo, com quem eu amo, pelo tempo que eu quiser. E fui pesquisar as opções...


Sincronicidade.


E eis que entre páginas de turismo e entrevistas de emprego, em 3 semanas recebi uma proposta do Indeed, portal de busca de empregos que estava abrindo um escritório no Brasil. Start up. Área de talentos. Empresa que valoriza seus funcionários. Missão com impacto na sociedade. Era tanta felicidade que não cabia no peito. E no dia seguinte, 26 de fevereiro, enviei meu "sim" ao novo emprego e me contive para dar a notícia ao meu Gerente apenas na 2a feira.


E a vida às vezes caminha com passos tortuosos.


Na mesma 2a feira, recebi um telefonema do LinkedIn sobre uma nova vaga no Brasil. Desenhada para mim. Mas não, obrigada, assinei uma proposta na 6a. E desta vez os sinais divinos falaram alto e uma amiga comentou... "Ah, aplica, aqui na empresa uma moça saiu logo depois que entrou porque encontrou outra vaga..." E liguei de volta.


Comecei no Indeed no dia 28 de março no treinamento de novos funcionários em Stamford, Connecticut. E foram 4 semanas, sendo 2 em Dublin, Irlanda, de novos amigos, descobertas, aprendizado, conhecimento, passeios. E de repente tudo o que eu sabia sobre o que era o relacionamento entre empresa e funcionário se transforma. E mudam as expectativas. E se altera o conceito de tempo e trabalho.


E em 3 semanas após retonar a SP, recebi a proposta do LinkedIn. Ah, confesso que por alguns minutos eu queria não ter sido aprovada para não ter que escolher. Mas a vida deixou esta decisão para mim. E foi difícil. Dificil abrir mão da ética, do comprometimento, de quebrar minha palavra. Dificil desapontar pessoas que tinham depositado tanta confiança em mim. Dificil me despedir sem nem mesmo ter tido o tempo de conhecer. Dificil deixar o certo e agradável pelo incerto. Dificil contar a notícia para minha nova Gerente, que eu já tinha aprendido a admirar e respeitar.


Saí do Indeed na 2a em que dei a notícia. E tinha 3 semanas até a nova data de início.


Fui aí que decidi tirar férias em Piracanga.

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